Apesar da ideia de que a medicina tradicional cura tudo,
são cada vez mais os donos que procuram terapias alternativas para os seus
animais, sozinhas ou em complemento à convencional. Efeitos comprovados pela
ciência sugerem não se tratar de um luxo.
TEXTO DE ANA PAGO FOTOGRAFIAS DE ORLANDO
ALMEIDA/GLOBAL IMAGENS
Por princípio,
muita gente recusa entregar-se às chamadas terapias alternativas sem primeiro
esgotar os recursos da medicina convencional, mesmo sabendo que são usadas há
milénios para tratar os problemas de saúde da humanidade. Menos ainda são as
pessoas cientes de que a aplicação dessas técnicas em animais é tão antiga como
o uso em seres humanos e, por isso, só abrem exceções quando comprovam
resultados em casos chegados. Seja por verem que o vizinho fez acupuntura à
gata, seja pela filha que impediu a evolução do cancro do cão com a
ozonoterapia, aos poucos o medo dá lugar à confiança. Por alguma razão a
medicina alternativa tem ganho relevo na sociedade ocidental nos últimos anos,
beneficiando animais e donos na mesma medida.
(...)
Segundo
Márcia Rizzo, pioneira na implantação da acupuntura animal no Brasil, esta é
precisamente uma das técnicas mais requisitadas no país, na linha da frente das
terapias alternativas para animais. «Preenche uma lacuna na prática clínica
porque é capaz de tratar doenças de difícil resolução e até patologias sem
outra possibilidade terapêutica», revela a profissional.
(...)
Agulhas, flores e
poder das mãos
Relatos da dinastia
Shang (1766-1045 a.C.) indicam que os cavalos feridos em batalha já eram
tratados na China com agulhas aplicadas em pontos estratégicos do corpo. O ano
passado, investigadores da Universidade de Rochester descobriram que, além de
as agulhas atuarem no sistema nervoso central, ativando as células cerebrais e
libertando endorfina (neurotransmissor responsável pela sensação de relaxamento),
a terapia tem ainda efeitos no sistema nervoso periférico e liberta adenosina,
neurotransmissor com poder analgésico e anti-inflamatório.
(...)
Ainda assim, só no
início dos anos 60 a Organização Mundial de Saúde reconheceu as terapias
alternativas como aliadas importantes da medicina alopática, minimizando o
pormenor de se tratar de técnicas milenares surgidas muito antes das
convencionais. «O facto de a acupuntura ser considerada uma competência médica
pela Ordem dos Médicos, desde 2002, ajuda a que haja maior abertura para a
prática», sustenta Sabrina Goltsman, médica veterinária com mestrado integrado
em acupuntura veterinária e um curso de cinco anos em Medicina Tradicional
Chinesa. No Centro Veterinário de Berna, em Lisboa, onde sediou a empresa
Vetpunctura e exerce uma medicina integrada, aplica aos clientes a ferramenta apropriada
a cada caso, quer seja acupuntura, fitoterapia, homeopatia, análises ou
cirurgia. «O ideal seria as duas medicinas andarem de mãos dadas», considera.
«Eu utilizo sobretudo a Medicina Tradicional Chinesa, que se for efetuada por
mãos competentes pode ser usada como medicina única. Mas há doenças que reagem
melhor à medicina convencional e as que respondem melhor à chinesa.»
Marta Guimarães
conheceu Sabrina quando procurou melhorar a qualidade de vida de Lord,
um pastor belga com um tumor maligno na cavidade nasal, adicionando acupuntura
e fitoterapia nos intervalos da medicação e dos protocolos de quimioterapia (o
cão continua a ser tratado pelo oncologista veterinário Joaquim
Henriques). «No caso dele, trata-se de melhorar a sua atual condição de vida. É
um doente oncológico, em termos convencionais já se faz tudo o que é possível.
Com as terapias alternativas tentamos dar-lhe um conforto extra, reduzir as
náuseas e as perdas de apetite, e notámos que ficou mais enérgico, respira
melhor e o muco nasal diminuiu», aponta a dona.
Ana Galvão é outra
adepta dos serviços de Sabrina desde que a cadela Núria, falecida em
agosto passado, de velhice, sofreu um caso agudo de pele atópica que nada
parecia curar. «A minha irmã é veterinária e esteve quatro anos a experimentar
tudo, inclusive medicamentos novos vindos de fora. E ela, em vez de melhorar,
piorava. Chegou ao extremo de rebentar o olho de tanto coçar, foi uma coisa
alucinante», recorda a apresentadora, que por um tempo perdeu a esperança de
recuperar o animal, após tê-lo salvo de uma vida na rua. Foi a própria irmã
quem lhe falou de Sabrina e a aconselhou a experimentar. «Em duas sessões fez
com que a Núria melhorasse de forma galopante e nunca mais teve
problemas a não ser os da idade. Mais tarde sofreu de bronquite crónica e
também me vali da acupuntura e das magias dela, do calor aplicado, das agulhas
e da fitoterapia. Foi assim um achado», revela, satisfeita com a abordagem
integrada.
«Os veterinários
mais atualizados recorrem à complementaridade da acupuntura, aromaterapia,
homeopatia, massagem, quiropraxia e outras importantes ferramentas técnicas,
amplamente comprovadas em termos científicos modernos, no sentido de prestarem
o melhor serviço aos seus pacientes e até evitarem traumas psicológicos aos clientes,
resultantes de muitas eutanásias escusadas e prematuras aconselhadas aos seus
animais de estimação», atesta Américo Moreira, veterinário e especialista em
medicina chinesa, acupuntura veterinária, nutrição ortomolecular e
laserterapia. «Se bem que haja patologias que podem e devem ser tratadas apenas
com as medicinas naturais, todo o método de diagnóstico e imagiológico da
medicina convencional deve ser utilizado. O ideal é que elas se interpenetrem
no benefício real do paciente, humano ou animal.»
2 comentários:
gostariabdo endereço para atendimento
Olá Ilda,
Faço atendimentos em clínicas veterinárias mediante o pedido do seu médico veterinário, a domicilio ou no centro veterinário de Berna (Av. Berna, 35).
Para marcar consultas pode telefonar para 938974747 ou enviar um mail a pedir as informações para vetpunctura@gmail.com.
Atenciosamente,
Sabrina Goltsman
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