Faz hoje três meses desde que comecei o estágio e tirei um mês para poder estudar para os exames que me faltam para acabar o curso.
Meu primeiro exame é já no dia 5 de Janeiro (sim, daqui a aproximadamente 60 horas e a fazer a contagem regressiva) e estou muito ansiosa pelo que aí vem.
Mas isso não me impede de deixar por aqui a minha evolução, desde o 1º dia de estágio até agora.
Antes de começar o estágio, durante o meu 5º ano de curso, eu executei a minha primeira cirurgia... a castração do meu gato! Ou melhor, meia castração, pois a cirurgiã fez a 1ª parte e eu prossegui com a segunda.
Durante o estágio a minha evolução foi astronómica!
A única experiência com agulhas que temos durante o curso é na cadeira de farmacologia durante o 3º ano (1º semestre), e depois assistimos a consultas hospitalares durante o 3º, 4º e 5º ano. Nestas por diversas vezes damos vacinas e injecções intramusculares e subcutâneas, mas pouco mais. Injecções na veia (endovenosas) só se tiveres mesmo muita muita sorte! Colocar catéteres endovenosos (aquilo que fica no braço quando vamos ao hospital levar soro)... nem sonhamos com tal!
E portanto, chegamos ao estágio com pouquíssima prática clínica. E esses nossos primeiros feitos, são, não só momentos que nos apavoram mas que também pelo qual ansiamos desesperadamente!
E posso dizer, neste momento com muito orgulho, que já tirei sangue pela primeira vez completamente sozinha :D a um cão internado, o cão era obviamente muito mansinho, estava internado e eles precisavam do sangue do cão para análises com urgência e a minha orientadora depositou a sua confiança em mim. Peguei na seringa, agulha, tubos de análises, algodão, álcool... falta alguma coisa? Meu coração batia tanto que parecia que saltava do peito e tremia como varas verdes no meio de uma monção! Sim, era certo que eu já tinha tirado sangue diversas vezes durante o estágio, mas sempre acompanhada por uma das médicas, a orientar, a fazer o garrote, a segurar o animal... e agora... completamente sozinha!
Vá! Coragem, se a minha orientadora confiou em mim é porque devo ser capaz! Não deve ser assim tão dificil... ou deve? Lá entrei eu pela ala dos internamento... o cão era um samoiedo... pêlos, pêlos e mais pêlos!!! Como será suposto eu chegar à veia??? Respira! Bem, vou ter de cortar um pouco os pêlos... lá vou eu buscar a máquina e... PERFEITO! Agora sim, agulha na seringa, esterilizar a zona com o álcool, fazer o garrote com a mão esquerda... lindo cãozinho, agora não te mexas, tá? (Isso é quase como dizer um cão quando o estamos a auscultar "agora respira fundo!" Facilitava muito as coisas, mas completamente impossível!). E com a mão direita... inserir a agulha na direcção da veia, fazer o refluxo e rezar! Está lá! ESTÁ LÁ!!!! YEY! Tirar o sangue o suficiente para a análise, e com o algodão da mão esquerda fazer compressão até deixar de sair sangue!
FUUUUUU! Consegui? Consegui! Consegui! Consegui! :D Lindo lindo cão!
Levei o sangue para as análises com a adrenalina ainda a pulsar pelas minhas veias e em seguida levei o cãozinho que se portou tão bem a dar um belo dum passeio!
Depois desta aventura veio a altura de colocar o meu primeiro catéter... a minha primeira tentativa foi com a enfermeira, que devo dizer que não correu pelo melhor (obviamente não por falta de motivação da enfermeira)... sim, acertei na veia, mas demorei muito tempo para fazer o resto... uma vez que nunca tinha colocado um cateter antes, penso que n seja de admirar que a primeira vez não tenha corrido às mil maravilhas. E a enfermeira voltou a colocar o cateter, ficando eu muito decepcionada por não o ter conseguido.
Mas semanas mais tarde voltei a ter outra oportunidade, desta vez com a minha orientadora... E fiz exactamente o mesmo erro... :( pronto, agora nunca mais coloco catéteres! "Vá, de novo, com confiança, tu consegues! Lembra-te que a agulha é diferente de tirar sangue e por isso não estás habituada, tens de ir mais superficial!". Eu fico muito surpreendia pelo voto de confiança "sério? Posso mesmo tentar novamente? Mas se eu falhar ficamos sem a veia... é melhor ser a Dra fazer...", ao que a Dra me responde "Não vais falhar!". E lá fui eu mais uma vez, a tremer como varas verdes, a adrenalina a pulsar novamente pelo aumento de responsabilidade... Superficial, superficial, superficial! Zás! "Vês? Eu disse-te que conseguias!", eu mal conseguia crer! Eu coloquei o meu primeiro catéter! "Vá! Do que estás a espera, os adesivos! Tens que fixá-lo" traz-me de volta a realidade.
Depois disso ainda tive a castração da Estrelinha e depois a meia castração de um gato e de um cão de colegas meus, que eu pedi a autorização e eles disseram que confiavam completamente em mim :D . Foi simplesmente fantástica e única a oportunidade. Foi exactamente como no meu gato e desta vez tive a Dra. C a orientar-me durante a cirurgia. Com uma paciência do outro mundo, foi explicando passo a
passo de todos os movimentos que eu já tinha observado centenas de vezes, mas que executá-los pela primeira vez (ou mesmo segunda) é completamente diferente. É uma responsabilidade enorme, pois temos a vida dos bichinhos em nossas mãos e só isso é capaz de paralisar. A operação foi fantástica, óbviamente mais demorada do que se fosse apenas a Dra. C a executa-la e ainda me tirou fotografias para eu ter recordação da minha primeira castração :D
Eu realmente não podia ter pedido por melhores orientadoras, professoras, colegas e amigas durante este meu estágio.
Fica aqui a foto censurada da minha primeira castração de um gato macho durante o meu estágio, parece-me que muitos de vezes não iriam gostar muito se eu tivesse colocado a foto por inteiro (sim, estas são mesmo as minhas mãos a segurar um bisturi!).
E deixo aqui o filme que eu fiz do Calvin, a minha primeira castração canina, a acordar para os donos :P