sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Saudades Estrelinha...

Era uma vez uma gatinha cega... :D

Certo dia (há aproximadamente um mês atrás) uma senhora chegou ao HVet com uma caixa de papelão fechado, disse que era um gato cego muito feroz que tirou da rua e que seria para eutanasiar. Entretanto perguntou se poderia ir ao café, pois ainda não tinha tomado o seu pequeno almoço...

Trinta minutos depois... "Onde está a senhora?" A assistente vai ao café a procura... NADA! Foi-se embora e deixou-nos o gato! Sim, infelizmente ainda existe pessoas sem coração que fazem este tipo de coisas.

Bem, vamos lá ver o que ganhamos de prenda... Mal abrimos a caixa voa-nos umas garras e voltamos a fechar a caixa rapidamente... Ufff! Bem, vai ter mesmo de ser, abrimos a caixa devagarinho e um gato muito magrinho e miudinho olha para nós e faz FFFFFFFFFuu!

O gato tem a caixa cheio de fezes, a comida virada ao contrário e a cheirar muito mal... Bem, vamos por o gato numa das jaulas para nos decidirmos o q vamos fazer com ele... Deve ser novito... 5 ou 6 meses talvez, pelo tamanho...

Enquanto isso, eu encho-me de coragem, ponho as luvas de couro de protecção, enrolo meu braço com uma toalha e com uma pinça vou tirando as fezes da caixa de papelão. FFFFFFuuu, continua a bufar o gato. Quando acabo (com a luva de couro) tento fazer umas festinhas na cabeça do gato... e ele deixa! :O (Talvez só esteja assustado).

Olhamos para os olhos dele e existe 1 bolha enorme em cada olho, provavelmente provocada pela coriza que ele tem neste momento (gripe dos gatos, afecta muitas vezes os olhos provocando conjuntivite e posteriormente ulcerações oculares). Fui para casa com o coração na mão, enquanto isso a Dra. T. (se eu não me engano) consegue pegar no gato e verifica que este é uma menina afinal. E retira-a da caixa.

No dia seguinte regresso com algum medo do que esperar... será que eutanasiaram a pobre gata? Eu até consigo perceber, a gata não estava minimamente saudável, era cega, estava em muito mal-estado e qual seria o bem-estar dela? Provavelmente até seria para o melhor dela... Mas a verdade que ainda me dói muito estes casos...

Chego na clínica e... lá está a gata! :D Não só lá continua como está a ser tratada e medicada! "Vamos ver o que conseguimos fazer por ela e se a conseguimos recuperar e arranjar um dono" (Yesss!)
Entretanto começamos a medica-la 2x por dia, a gatinha tinha coriza, anemia, desidratação (muito grave), caquexia (para além do magro) e uma bola em cada olho (cega!).

Dia após dia fui tratando da medicação dela (juntamente com as outras Dras) e fui vendo que afinal ela n era assim tão má. Bufava sempre que abríamos a jaula, mas assim que lhe tocávamos na cabeça ronronava cada vez mais alto. Aos poucos fui me ligando e me dedicando cada vez mais à causa (embora provavelmente perdida logo de início).

Mando um mail com a foto da gata para todos os mails e mailing lists que eu conhecia a ver se alguém poderia ficar com a gata... será?

Duas semanas depois e ainda nenhuma resposta... está a chegar ao prazo que lhe tínhamos dado, e eu compreendia, pois o Hospital tinha tentado de tudo, além de lhe dar um abrigo e comida, deu-lhe tratamento (e não foi pouco que ela precisava) e não podia continuar com estas despesas indefinitivamente, afinal é um hospital e não uma instituição de caridade. E acreditem, este hospital fez muito mais que muitos hospitais com ala de adopção faria por um gato com estes problemas todos, e por isso estou muito orgulhosa e mesmo aliviada por estar a fazer um estágio num local assim. Mas estava a chegar a hora... e o meu coração apertava cada dia mais...

No penúltimo dia recebo um mail da sos animal! "Não deixe que nada aconteça a gata, nós conseguiremos arranjar-lhe um dono e se não puderem ficar mais tempo com ela arranjaremos-lhe uma familia de acolhimento temporário" Fuuuuuuu!

Um peso enorme sai de minhas costas, nem posso acreditar! Entro em êxtase por momentos e salto pela minha sala como se estivesse completamente maluca ( e estava!).
Corro no dia seguinte para a clínica a dar as boas notícias, que visivelmente também tirou um grande peso dos ombros de todos, um alivio geral!

A gata ainda ficou até ao final da semana conosco, onde pudemos acabar o tratamento dela, ela já estava a ficar gordita e já via alguma coisa (talvez sombras, pois conseguia saber onde estavamos e tinha reflexo de aproximação). No dia anterior à sua entrega fiquei eu e a minha orientadora na clínica, depois do horário de trabalho, para fazermos a sua castração (o local onde ela iria teria outros gatos, além de que é mais fácil de dar uma gata já castrada, e principalmente porque uma gata castrada antes do 1º cio tem uma probabilidade muito menor de tumores mamários de futuro, mas a castração será uma conversa para outro post!).

Preparo tudo para a cirurgia, como é o hábito, preparo a sala, ajudo a "depilar" a gata e esterilizo a zona da gata onde se irá proceder a cirurgia e de repente, a minha orientadora passa-me o bisturi... "Força!" :DDDD "Sério???" com os olhos muito esbugalhados, nunca tinha feito nenhuma cirurgia antes, ainda só auxiliei e observei para aprender o máximo possível para quando o dia chegasse eu estivesse pronta... Não estava!!! E agora? Esqueci-me de tudo o que aprendi, um branco completo!!! O que eu faço?? E minha orientadora repete, pois eu congelei por segundos "Vá! Força!", e finalmente o momento mais esperado de todos os meus longos 5 anos do curso... eu pego no bisturi!

A cirurgia correu... muito devagar! Esta cirurgia normalmente é feita em 30 minutos, talvez 20, eu fiz em 1 hora e meia :D Mas fiz! Com alguns desastres pelo caminho, nada que a minha orientadora não conseguisse salvar (mas aprendi com eles e com certeza nunca mais os farei!) e a tremer feito vara de bambu verde!

No final a gatinha ficou óptima (afinal depois de lhe termos conseguido ver os dentes chegamos à conclusão que ela devia ter uns 7 meses) e no dia seguinte já estava na hora de entrega-la... Mais uma vez meu coração doía, durante quase 3 semanas ela fez parte do meu dia a dia, dediquei tanto carinho e amor para ela, e sei que nesta época perdi muitos casos para estar com ela, fazer-lhe os tratamentos e brincar com ela... tenho pena de ter perdido os casos, mas não me arrependo, pois agora sei que dei o melhor que lhe poderia ter dado, que além dos tratamentos foi o meu carinho. E estou feliz por isso.

Adeus gatinha, vou ter saudades... muitas! Obrigado pela possibilidade da minha primeira cirurgia. Espero que arranjes o melhor dono do mundo. Um que te dê muito amor e carinho.

Recebi hoje a notícia da Sos animal que a gatinha está óptima, agora chama-se Estrelinha, é mesmo muito meiguinha e que está a habituar-se aos outros gatos que têm em casa e a desenrascar-se sozinha. Na próxima semana tem consulta marcada com oftalmologista veterinário para ver se se consegue recuperar a sua visão (esperemos que sim, estamos a torcer por ela). Ainda estão a procura de um dono...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Leishmaniose???

Muitos me perguntam, depois de ler o meu terceiro post o que é a leishmaniose e como se previne, pois bem, aqui vai...

Leishmaniose é uma doença provocada por um parasita (do género Leishmania) transmitido por mosquitos (vulgo "melgas").

Esta doença não tem cura, ou seja, o cão que a contenha torna-se portador para o resto da vida, embora a doença possa ser muitas vezes controlada com tratamentos e o cão possa ter uma longa e boa vida, podendo nem sequer vir a perecer, ou mesmo a demonstrar sintomatologia, desta doença.

Não existe (ainda) nenhuma vacina para prevenir a doença em Portugal, o único método de prevenção é um repelente para o mosquito através de uma pipeta (que também é eficaz contra pulgas e carraças) chamada Advantix, que deve ser colocada mensalmente, e por uma coleira, Scalibor, que também é eficaz contra carraças.

Esta doença não se transmite do cão para o dono (ou qualquer outra pessoa), uma vez que a doença tem que ser transmitida pelo mosquito para existir. Os Humanos dificilmente contraem esta doença, pois nosso sistema imunitário consegue combate-la. Para contrairmos a doença é necessário 1º que sejamos picados com um mosquito que nos inocule o parasita (a doença SÓ é transmissivel pela picada do mosquito) e 2º que o nosso sistema imunitário esteja deprimido ou suprimido para que a doença consiga avançar (doentes, transplantes, SIDA, idosos...).

Existem dois tipos de leishmaniose, a cutânea e a visceral. Na leishmaniose cutânea os nossos bichinhos têm um aspecto terrível por fora (os pêlos caem e com muitas crostas, as mucosas ficam muito sensíveis e sagram - daí o sangue a escorrer pela narina), mas geralmente tudo bem por dentro. Leishmaniose visceral é a mais preocupante, pois os nossos bichinhos têm muito bom aspecto por fora mas nem por isso por dentro, pois o parasita ataca os rins (principalmente), o fígado e até a medula óssea. Geralmente estes bichinhos acabam por se tornar Insuficientes Renais Crónicos e muitas vezes é mesmo disso que acabam por falecer.

A Leishmaniose felina também existe, mas é muito muito muito rara. Uma das doutoras da clínica onde estou a estagiar fez o seu mestrado acerca da leishmaniose e fez uma grande pesquisa acerca da leishmaniose felina e não conseguiu encontrar nenhum caso (se eu estiver errada pode me corrigir :D )

Acabando por aqui nossa pequena aula de Leishmaniose (e espero ter esclarecido todas as dúvidas), tenho boas notícias...

Conheçam o Joca! :D Sim sim, é mesmo ele! O cão com leishmaniose que acabou com pelo menos 3 rolos de papel de cozinha da clínica ao tentar estancar a hemorragia do nariz.

Para os mais curiosos, sim, ele está vivo e bem melhor. Continua a fazer algumas hemorragias nasais, mas agora ligeiras. Voltou a fazer o tratamento da Leishmaniose (agora vocês já sabem o que é!).

E outra razão porque estou muito contente hoje é a minha primeira prendinha de natal que recebi de uma das pacientes que eu e a minha orientadora estivemos a seguir durante bastante tempo e hoje trouxe-nos uma lembrancinha como agradecimento. Achei um acto tão carinhoso, apesar de eu ser apenas uma mera estagiária que apenas acompanha os casos que aparecem, mostrou que ainda assim faço alguma (por mais pequena que seja) diferença na vida de alguns desses animais, e só isso dá-me forças e uma grande motivação para continuar. É impressionante como estes pequenos gestos pode significar tanto!

Imagens do dia 001


A gatinha mais gordinha da clínica :D
Quase que cabe na transportadora!

e


A dama que queria ser o vagabundo

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Dia bom?

No fim de semana passado estive na 2ª jornada clínica de acupunctura, e acreditem, nunca esperei que fosse valer tanto a pena!
Lembram-se do acupunctor que eu falei atrás? Pois é, encontrei-o novamente! Contei-lhe que estava a estagiar e que agora, que passa a ser mestrado integrado, temos de apresentar e defender uma tese, sendo que o tema que eu escolhi tinha sido "A Medicina Tradicional Chinesa como um complemento da Medicina Veterinária".

Até a pouco tempo eu pensava que somente teria de escrever uma dissertação sobre (foi o peixe que me venderam), até que eu resolvi ir pessoalmente falar com o presidente do concelho cientifico (o big boss dos estágios) e fui informada que TENHO de apresentar casos clínicos!??? :O
Desde aí tenho andado um pouco preocupada com a situação. Ok, sei "puncturar" (é a maneira correcta de dizer, é proibido dizer "espetar" no curso :D ), e posso perfeitamente seguir protocolos já existentes para situações padrões. Mas ainda sou apenas uma "newly" da acupunctura, ainda só vou no segundo ano! Ninguém espera que eu já saiba ver situações que não são padrões e que saiba escolher os pontos ABSOLUTAMENTE SOZINHA! Oh desespero! E a última coisa que eu quero é que não se obtenha resultados devido à minha inexperiência...
Também eu quero ter a certeza que funciona, não entrei nisso cegamente devido à fé! Também preciso de "ver para crer". Sei que está mais que provado cientificamente que funciona, que existem imensos testes e artigos que o prova, nesta jornada que eu fui tinham imensos casos clínicos, muitos deles com desistências da medicina ocidental para encontrar cura, com resultados fantásticos (eu diria quase milagrosos!). Mas EU nunca vi acontecer nenhum desses casos (uma vez que também só estou a entrar neste meio agora, não acompanho clínicas e nem conheço ninguém que esteja a fazer...), o melhor que eu já vi foi: curar dor de cabeça (abençoada agulha! Estava a dias com uma dor de cabeça horrível por dormir pouco), curar um punho aberto (bem... curou por 2 anos o meu :P ), dores lombares (que eu fiz uma vez em um amigo meu os ditos pontos padrões, e pelos vistos resultou muito bem), e tentei fazer uma vez a uma amiga minha que tem problemas articulares crónicos no punho, mas os pontos foram muito dolorosos (o problema sendo já crónico e algo grave e teria de fazer mais que uma vez) e apesar de ela dizer q a dor por algum tempo suavizou, nunca mais me deixou "puncturar" (a vida é tão injusta!). E eu quero também provas de que, aquilo a que estou a dedicar anos de minha vida realmente funciona e vale a pena o esforço. Além do mais, não faço a mínima questão de fazer má figura perante do juiz na apresentação da minha tese!

Voltando ao assunto, depois de eu ter falado com o acupunctor que é uma pessoa bastante importante na Associação Portuguesa dos Profissionais Acupunctores, ele disse que no dia seguinte me apresentaria para uma das palestrantes que iria fazer uma apresentação acerca de acupunctura em equinos. E assim foi, no dia seguinte estava com os nervos em franja com o que iria acontecer... mal consegui dormir "O que iria ela pensar? O q iria ela dizer?"... um nó no estômago e vai em frente! Assim que deu o intervalo da palestra, após a comunicação da acupunctora de animais, a qual eu fiquei muito bem impressionada, lá me dirigi ao acupunctor, conforme o combinado. Ele apresentou-nos e deixou-nos a falar...
Foi bem melhor do que eu esperava. Ela aceitou ajudar-me na parte da acupunctura, ser a minha orientadora na parte da acupunctura da minha tese e ainda referiu que a partir do 2º ano eu posso perfeitamente sozinha fazer a acupunctura nos animais e que estava mesmo a precisar de pessoas para trabalhar com ela (terá sido uma dica???). Vamos ver :D

Mal podia acreditar no que me tinha acabado de acontecer. Ela é uma acupunctora muito bem conceituada que trabalha NA mesma clínica que o Dr. Pedro Choy (é o curso dele que estou a fazer) e que faz a acupunctura nos cavalos de desporto em Portugal. Estava em êxtase! Mal podia espera para contar a todos o que tinha acabado de acontecer! E enquanto pego no carro para ir almoçar à casa da minha mãe (pois já estava muito atrasada), pego no telefone para contar a novidade ao meu pai! Algo me disse que era melhor eu desligar o telemóvel, mas a rua estava absolutamente vazia, era domingo, sem carro nenhum... o que poderia acontecer???
Do nada aparece um carro de polícia em sentido contrário... SHIIIT! Disfarça, pode ser que não me tenham visto... sim, claro! Atrás de mim, o carro com a sirene ligada... que alegria!
Resultado? Minha 1ª multa! Logo eu que nunca falo ao telemóvel a conduzir! Parece impossível!!! Tinham de estragar o meu dia.

sábado, 22 de novembro de 2008

Mais um dia de trabalho

E assim chegou ao fim de mais um dia de trabalho!


Sexta feira a noite "Hum, que bom, são quase 20h e já só falta um cliente para irmos para casa! Quase parece impossível..." (penso eu), a clínica fecha as 20h, mas geralmente às sextas feiras fica tão atafulhado que raro é o dia que saio antes das 22.30h. "Bem que precisava de chegar hoje cedo a casa e relaxar, afinal este vai ser mais um fim-de-semana pesado com um seminário de acupunctura no sábado e no domingo".


Quando dou uma espreitadela à recepção da clínica, a ver o último cliente a ser chamado, entra um labrador absolutamente lindo, e com o nariz vermelho (...Ahn?), vermelho e a pingar... pera, não está a pingar, está a escorrer sangue!!! Eu devo ter parecido um pouco chocada a olhar para o animal, pois o dono olha para mim e pergunta-me "O que eu faço?" com um ar ainda mais desesperado que o meu (se é que é possível. Abro a porta de um consultório livre, acendo a luz e pego em muito papel... "por aqui!". Dou o meu melhor para lhe limpar o nariz (missão absolutamente impossível), peço para ele segurar o papel a tapar a narina que lhe escorria o sangue e corro! Corro para chamar a minha orientadora "Rápido, está um cão com sangue a escorrer do nariz!".

No caminho para a outra sala começo a pensar em diagnósticos diferenciais para a epistaxis (hemorragia nasal): "trauma, corpo estranho, neoplasia, ..."

A minha orientadora chega na sala e pergunta "leishmaniose?", ao que ele responde "Sim".
Claro! Como não pensei nisso? Como é possível que eles acertem de primeira só de olhar para o animal? Também quero!

(Já no outro dia, um cão que dizia o dono "coxeia às vezes, de vez em quando empaca, não consegue andar e depois, quando puxamos por ele, volta a andar bem novamente", e lá pensei eu: cão velho, talvez artrose, ou talvez uma displasia de anca, luxação coxo-femural... e lá foi a "C" directo ao joelho do animal "Bem me parecia, tem uma luxação da patela"!!! COMO????)
Chega a tornar-se frustrante! mas eu vou chegar lá, sei que vou!

Entretanto, 4horas depois (meia noite) ainda estavamos nós a tentar estancar a hemorragia em toalha (é como é chamado quando sai muito muito sangue), mesmo depois de tudo o que poderíamos fazer, anticoagulantes, vitamina K, adrenalina local, esponja com anticoagulantes para dentro da narina... e nada! Não, para melhorar a situação, ele de vez em quando parava, coagulava e assim que os donos estavam prontos para o levar para casa, o Joca dava um daqueles espirros, jorrava o sangue e expulsava o coagulo que lá estava tão bem a estancar... e lá começava tudo de novo! Infelizmente o Hvet ainda não tem banco de sangue, tivemos que o mandar para um hospital de lisboa, abertos 24h, com banco de sangue, uma vez que o bichinho começava a ficar um pouco pálido e cansado. Assim não poderíamos arriscar que ele passasse a noite...

Acham que o meu pijama (sim, é mesmo assim que se chama) está sujo? Deviam ver a bata da minha orientadora que estava mesmo na frente do Joca em dois dos seus 4 espirros! :D

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

E a acupunctura?

A acupunctura entrou em minha vida por volta de 3 anos atrás, durante o meu 3º ano do curso de Medicina veterinária, graças à um amigo de família e acupunctor.
Eu já conhecia a acupunctura e outras medicinas holísticas, sempre fui grande fã. Mas foi há 3 anos que descobri que existia este curso de Medicina Tradicional Chinesa (que é constituído por acupunctura e fitoterapia) em Lisboa, e melhor ainda, que poderia ser aplicada aos animais.

Foi neste momento que toda a minha existencia fez algum sentido! A acupunctura sempre me fez todo o sentido, e está comprovada cientificamente por uma data de testes, existem artigos cientificos e livros muito bons, porque não utilizá-la para os nossos animais??? Porque não complementar a medicina ocidental com a medicina oriental, em todos os imensos "buracos" que existem na ocidental? Existem tantas patologias que a medicina ocidental não consegue fazer nada... Porque não? Patologias crónicas, patologias do sistema imunitário, patologias do sistema musculo-esquelético (hérnias!)... tudo isso é possível de ser tratado com a medicina tradicional chinesa (MTC)! :O E como se não bastasse, ainda serve para aumentar o bem-estar dos bichinos quando existe dor. Era mesmo isso que eu andava à procura!

Durante o meu 4º ano de MV, finalmente inscrevi-me no curso de MTC. Fiz o 1º ano do curso e tranquei a matrícula durante o 5º ano para conseguir acabar o curso de MV (não é fácil conciliar os 2 cursos!). O curso de MTC é constituído por 5 anos e mais um estágio de 3 meses (que eu faço questão de fazer) na China. O curso é 1 ou 2 fins-de-semanas intensivos por mês e temos um exame final da matéria leccionada no ano inteiro! Que não é nada fácil! Damos nestes fins-de-semana a mesma matéria que alunos com melhores disponibilidades de tempo dão no curso diário, ou seja tudo muito mais resumido e muito menos explicadinho (Pobre de nós!).

Voltei a inscrever-me e agora estou no 2º ano do curso, assistindo aulas aos fins-de-semana, seminários e aulas extra-curriculares nos fins-de-semana livres (também de MTC) e trabalhando como estágiária no Hvet... Ahhhh, e quase que me esquecia! Ainda tenho uma tese para escrever e exames por fazer (em Janeiro e em Junho)... pobre mim! :(

Mas sabem que mais??? Estou completamente e absolutamente a AMAR! São duas coisas que eu adoro fazer e aprender cada vez mais e não só! Tem sido os melhores momentos de minha vida! Divirto-me imenso e tenho conhecido pessoas absolutamente fantásticas, que me ensinam imenso, me apoiam e puxam imenso por mim (um grande agradecimento a todo o pessoal do Hvet! Sr(a)s Dr(a)s, Sra Enfermeira (futura Sra Dra) e inclusivé às assistentes, eu tive mesmo muito sorte).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Como tudo começou???

Minha mãe costumava chamar-me de São Francisco devido à grande ligação que, desde nova, tinha com os animais.
Anos mais tarde, tive a possibilidade de escolher qualquer Universidade e qualquer curso que eu quisesse! O que me levou a um longo período de introspecção e meditação... "o que queria eu fazer para o resto da minha vida? Qual seria a minha profissão de sonho?".
Vamos lá ver, do que eu gosto? No 9º ano a orientadora escolar não foi de grande ajuda... "sairás bem em qualquer das áreas" (Thanks a lot!). Pensei em psicologia(?), advocacia(?), medicina(!!!)... SIM, medicina! Sempre gostei muito da área das ciências e biologia e a ideia de poder ajudar e de curar vinha realmente de encontro ao que eu procurava... Mas do que eu realmente gosto??? Crianças e animais! Sim! Aqueles que não conseguem falar por si, inocentes e indefesos. Então... pediatria ou veterinária? :D... DEFINITELY VET!!! E foi neste momento que uma "luz" acendeu na minha vida, e tudo passou a fazer sentido.
E assim entrei na Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, único curso ou faculdade a que concorri, era bom que entrasse! :D

Passaram os 6 anos mais duros, mas ao mesmo tempo, mais "fulfilling" da minha vida.
Muito estudo, muito tempo a decorar, muito pouco tempo livre! Mas eu gostava do desafio.
Conheci pessoas fantásticas, que percorreram comigo este longo e penoso caminho, com muito apoio e risos (também muito necessários obviamente!) que agora são grandes amigas e muito importantes para a minha vida, sem elas tenho certeza que não o teria conseguido ou que pelo menos o percurso teria custado bastante mais. (Eu sei que estão a ler e deixo aqui a minha homenagem e agradecimento! Adoro-vos :D)
E agora este desafio está quase a ser vencido... Finalmente entrei no estágio! o último percurso antes de finalmente ser a Sra Dra. ... Tão perto mas no entanto tão distante. Ainda tenho 1 ano inteiro a estagiar antes de entregar a minha tese de mestrado.
E é exactamente sobre este último percurso que vou escrever, todas as minhas aventuras e desventuras do estágio e fora dele.

Nunca fiz questão sobre escrever um blog... não tenho muito jeito para escrever e imaginei que ninguém teria interesse em qualquer coisa que eu escrevesse num site qualquer da Internet...
Mas tenho passado tantos momentos fantásticos, aprendido tanta coisa, que seria uma pena que a única recordação que eu tivesse deste ano seria as 5 páginas com números e estatísticas do relatório inserido numa tese de mestrado!
Então decidi fazer este blog... mesmo que ninguém o leia ou acompanhe, eu sinto-me mais rica por o ter, para um dia mais tarde poder voltar a ler e a recordar estes momentos tão importantes da minha vida profissional e pessoal.

Nota: As imagens junto ao título, são de um cachorro e um gatinho, ambos com apenas um dia de idade, que eu assisti no Hospital Veterinário (Hvet). Ambos com um longo percurso, muito para aprender e desenvolver... como eu!